quinta-feira, 20 de junho de 2013

Globo News e o preconceito contra tatuados nas manifestações

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E em 17 de junho de 2013, o Brasil explodiu! Enquanto a imprensa, de repente, passou a se esforçar para cobrir os manifestos por todo o país, numa súbita demonstração de apoio às passeatas, claro, algumas opiniões não poderiam deixar de escapar.
Quem acompanhou principalmente as reportagens da Globo e do seu “ultra-veículo-informativo-24-horas”, a Globo News, teve direito a um show de humor enquanto assistia aos protestos. Cada comentário, amenização, tentativa de demonstração de imparcialidade era melhor que a anterior e eu até admiro a atitude de alguns jornalistas globais que tentam permanecer sérios.
Mas eis que, à noite, entra nossa querida apresentadora milenar (sério, há quanto tempo ela tá na Globo?), Leilane Nëubarth, com toda sua postura de mãe indignada, apresentando o jornal e ancorando a cobertura pelo país. E, de repente, invadem o Congresso Nacional! Bom, não foi uma invasão, mas muitas pessoas aproveitaram um furo na barreira da segurança para subir na cobertura do Congresso, um ato simbólico dos mais importantes em toda a semana… o momento ficou gravado em vídeo, com direito a uma pérola de Nëubarth aos 2:07, depois de já ter falado do “corte de cabelo punk de alguns rapazes” (?):
“(…) e você vê que, aparentemente, é… sem querer discriminar ninguém, ah… o que a gente vê na imagem dos rapazes, é… são cortes de cabelo ah… que caracterizam os punks e muitas tatuagens (…)
Engraçado é que a imagem da própria Globo News, feita de cima, não estava nítida a ponto de ser possível distinguir nem cortes de cabelo, nem tatuagens! Anteriormente, quando a câmera que filmava era uma que estava próxima dos manifestantes, passam vários caras (todos com corte de cabelo normal), alguns até sem camisa (e, PASMEM!, nenhuma tatuagem) e, num momento bem específico, a câmera filma um – UM – indivíduo com tatuagens (por volta de 1:29) e alargadores, e um outro com alargadores.
Infelizmente, essa fala da Leilane não me surpreende… aliás, há uma surpresa, sim, positiva, de que tenha sido apenas ela a falar de “punks com tatuagens”, já que em ocasiões assim há um ânsia de se gravar moicanos, máscaras, coturnos, pregos e tudo o que esteja associado a esses “vândalos anárquicos” que não se preocupam com o patrimônio, como a mídia gosta de associar.
E quando gravam alguém de visual agressivo num protesto, associam o visual a uma atitude também agressiva e se esquecem completamente que estamos em 2013. Até quando vão associar tatuagem com violência? Sendo que em nenhum momento foi utilizado de ato violento na “ocupação do Congresso Nacional”. Depois sempre falam: “Ah, não existe mais preconceito, isso é coisa da sua cabeça”, realmente…
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